Série do JN mostra como o lixo orgânico pode virar renda e melhorar o meio ambiente

  • 09/01/2025
(Foto: Reprodução)
O Ceará é o único estado do Brasil em que o gás do lixo é canalizado e inserido direto na rede de distribuição: 15% do gás que abastece o estado inteiro vem do aterro de lixo. Soluções para o lixo orgânico melhoram a vida da população O Jornal Nacional apresenta uma série de reportagens sobre a destinação inteligente de resíduos. No episódio desta quinta-feira (9), o André Trigueiro mostra soluções para o lixo orgânico que melhoram a vida da população e reduzem as emissões de gases que aquecem o planeta. Já reparou na quantidade de comida que a gente joga fora todo dia? Será que a lixeira é o melhor destino para tudo isso? Não para de sair comida gostosa: em um restaurante de Fortaleza tem uma coisa diferente. Repara na quantidade de gás que eles usam na preparação dos pratos. André Trigueiro, repórter: Sabe de onde vem o gás que faz essa chama aquecer a comida? Daniel Fernandes Breta, chefe de cozinha: Rapaz, agora você me pegou. Repórter: Gás do lixo, lá do aterro de Caucaia. O que você acha? Daniel Breta: Rapaz, não acredito não. O aterro sanitário de Caucaia, perto de Fortaleza, está preparado para receber e tratar 6 mil toneladas de resíduos por dia. Tudo isso é enterrado. O gás de cozinha do restaurante vem da parte orgânica desse lixo - basicamente restos de comida, que se decompõem e viram metano. Ele é captado para produção de um gás combustível. O Ceará é o único estado do Brasil em que o gás do lixo é canalizado e inserido direto na rede de distribuição. E não é pouca coisa, não: 15% do gás que abastece o Ceará inteiro vem do aterro de lixo. "Um produto extremamente verde, renovável, e além disso, faz sentido financeiro, porque ela está pagando mais barato do que o gás de petróleo”, afirma Hugo Nery, diretor-presidente da Marquise Ambiental. LEIA TAMBÉM Meio ambiente: veja informações sobre reciclagem, compostagem e lixo zero Série do JN mostra como o lixo orgânico pode virar renda e melhorar o meio ambiente Jornal Nacional/ Reprodução O metano é um dos principais vilões do clima. Quando não separamos o lixo orgânico, ele se decompõe sem qualquer tratamento, vai para a atmosfera e aquece o planeta, agravando os eventos climáticos extremos - como a seca na Amazônia e a enchente recorde de 2024 no Rio Grande do Sul. No Ceará, a maioria dos clientes do gás canalizado são as indústrias, o comércio e grandes condomínios residenciais. No mais, a clientela faz uso do gás de botijão, o gás GLP, que é mais poluente. Exceto em uma residência no bairro de Fátima, em Fortaleza, que é a única do estado do Ceará que utiliza gás canalizado. Isso por conta da persistência da proprietária, Helena Stela Sampaio, professora do curso de gestão de políticas públicas da UFC, que encarou a burocracia, fez o investimento mais alto, porque ela é ambientalista. Repórter: Quanto você teve que gastar para fazer a conexão com a rede? Helena Sampaio: Em torno de R$ 16 mil. Repórter: Não é muito dinheiro? Helena Sampaio: Não para aquilo que eu penso. Aquilo que eu acredito. Financeiramente pode, sim, representar uma parcela significativa, até mesmo porque eu sou professora. Não bastava ensinar aquilo que eu acredito. Eu tive que viver, experienciar todas as políticas socioambientais. O gás do lixo vem conquistando novos mercados no Brasil. O maior de todos fica em Seropédica, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. "Uma vez, meu filho perguntou: ‘O que você faz da vida?’. Eu disse: 'Papai transforma lixo em luz”, conta Marcel Jorand, presidente da Gás Verde. Esse gás é energia limpa e renovável. "Nós produzimos 48 milhões de m³ de bio-metano em 2024. Isso equivale a 2 milhões de voos Rio-São Paulo evitados na cadeia de carbono no Brasil”, diz Marcel Jorand. Não há tubulações ligando o aterro aos clientes, como no Ceará. O gás do lixo é transportado em cilindros por caminhões. Os clientes do posto nem desconfiam de onde vem o combustível. Yago Brito, supervisor de estacionamento: No caso, esse gás aqui é filtrado e vai virar energia, no caso? Repórter: No teu carro. Você vai andar com gás de lixo. Paulo Roberto Gomes, aposentado: Eu não sabia, para mim, vinha da Petrobras. Sheila Benjamim, psicopedagoga: Então, tem muito lixo, né? Muito lixo mesmo. Mas que poderia ser aproveitado de uma forma ainda melhor. Mais um dia de coleta seletiva de matéria orgânica no Rio de Janeiro. Sempre às 8h, um pessoal sai em direção a 4,8 mil endereços diferentes na cidade de clientes que separam restos de comida, frutas, legumes e verduras em baldinhos. São eles que garantem que esse material, em vez de ir para aterro de lixo, tenha uma destinação inteligente. A coleta do lixo orgânico por assinatura já é realidade em mais de 100 cidades espalhadas pelo Brasil. Na casa da relações públicas Natália Araújo, no Rio, todo mundo participa da separação do que vai para o baldinho. Repórter: É bom para quem? Maria Teresa Araújo Pila, 10 anos: Para o mundo. Natália Araújo, relações públicas: Acho que é um pouquinho que a gente faz para o tanto que a gente consome de mundo. O baldinho não dá conta. É só baldão, que eles preferem chamar de bombona. Um dos maiores shoppings do Rio de Janeiro também está doando o lixo orgânico dos restaurantes. “Nosso objetivo até 2026 é chegar a pelo menos 50% do nosso resíduo orgânico destinado de forma que não seja aterro sanitário”, diz André Barbosa, gerente de operações do BarraShopping. Série do JN mostra como o lixo orgânico pode virar renda e melhorar o meio ambiente Jornal Nacional/ Reprodução Os restos de comida do shopping chegam ao galpão nas bombonas. Viraram adubo em uma empresa a partir da mistura de lixo, esgoto e poda de jardinagem. Repórter: Esse liquidozinho que vocês ficam pulverizando em cima desses materiais orgânicos é o quê? José Luiz Natal Chaves, engenheiro agrônomo: Um coquetel de micro-organismos, e esse coquetel é responsável pela decomposição adequada. A parte final do processo. Depois de três meses de compostagem, olha o resultado: adubo orgânico, um composto, um fertilizante sem contaminante, não tem micro-organismo que ameace a saúde. Os principais clientes são os agricultores. O Jornal Nacional foi conferir de perto a aplicação do fertilizante em uma propriedade rural na Região Serrana do Rio de Janeiro. Repórter: Usar na sua lavoura o que vem do lixo, em um primeiro momento, te assustou? Igor Serpa Ramos, agricultor: Na verdade, eu fico até contente, porque muita coisa que pode estar sendo poluída, sendo jogada em outros lugares, está sendo reciclada, entendeu? "A gente resolve dois problemas. Problema do lixão, do aterro sanitário, e a gente constrói uma solução para ter alimento mais saudável, solos mais saudáveis”, afirma Lucas Chiabi, fundador do Ciclo Orgânico. "Não dá para a gente fazer o que a gente faz hoje: junta todo lixo e acha que ele sumiu. Não, ele não sumiu. Ele está em algum lugar provocando algum prejuízo muito grande, porque é doença, é contaminação, é poluição, e a gente precisa interromper isso”, afirma o engenheiro agrônomo José Luiz Natal Chaves. RECICLAGEM Série especial destaca a importância de um ato tão simples para o meio ambiente e para a economia Entenda a importância dos catadores para a preservação do meio ambiente

FONTE: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2025/01/09/serie-do-jn-mostra-como-o-lixo-organico-pode-virar-renda-e-melhorar-o-meio-ambiente.ghtml


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