Trump congela repasse de US$ 2 bilhões para Harvard, uma das instituições de ensino de maior prestígio no mundo
15/04/2025
(Foto: Reprodução) O governo do presidente americano Donald Trump pressiona universidades para encerrar programas de diversidade e inclusão. Trump congela US$ 2 bilhões para Harvard, uma das universidades mais respeitadas do mundo
O governo Trump congelou o repasse de US$ 2 bilhões para uma das instituições de ensino de maior prestígio no mundo.
A Universidade de Harvard é mais antiga que os Estados Unidos. Foi fundada mais de 100 anos antes da independência do país. Formou oito presidentes americanos, já foi residência de 45 prêmios Nobel e tem um fundo de investimento de US$ 53 bilhões, superior ao Produto Interno Bruto de quase 100 países.
Agora, virou a primeira grande instituição de ensino superior a se levantar contra Donald Trump. Na segunda-feira (14), comunicou que não ia cumprir as exigências do governo. Horas depois, o Departamento de Educação anunciou o congelamento de US$ 2,2 bilhões em recursos para Harvard, além de cancelar contratos de US$ 60 milhões.
A crítica principal do governo Trump é de que as universidades permitiram atos contra judeus durante protestos estudantis pró-Palestina em 2024. Associações judaicas americanas registraram 1,4 mil atos antissemitas desde os ataques de 7 de outubro do grupo terrorista Hamas. Na carta enviada para Harvard, o governo exigiu que a universidade:
proíba a admissão de estudantes estrangeiros que, segundo as autoridades, seriam “hostis” aos valores americanos, incluindo apoiadores do terrorismo e do antissemitismo;
reformule cursos que o governo considera ter histórico antissemita;
dê mais poder à polícia do campus;
proíba o uso de máscaras.
Mas o governo também foi além e exigiu que Harvard:
encerre programas de diversidade, igualdade e inclusão;
entregue informações sobre quais alunos são aceitos e quais professores são contratados;
permita auditorias dos departamentos de ensino.
Trump congela repasse de US$ 2 bilhões para Harvard, uma das instituições de ensino de maior prestígio no mundo
Jornal Nacional/ Reprodução
O reitor da universidade afirmou que “apesar de algumas das demandas do governo mirarem no combate ao antissemitismo, a maioria representa uma regulação direta sobre as condições intelectuais de Harvard”. Ele também disse:
“Nenhum governo, independentemente do partido no poder, deveria ditar o que universidades privadas podem ensinar”.
E lembrou que há 15 meses, a instituição tem tomado medidas para combater o antissemitismo no campus.
Os advogados de Harvard alertaram que as exigências do governo “desrespeitam a Primeira Emenda da Constituição, que garante a liberdade de expressão, e invadem as liberdades universitárias há muito garantidas pela Suprema Corte”.
O valor congelado é uma fração do total de US$ 9 bilhões repassados pelo governo à universidade. Os recursos financiam 11 hospitais de Harvard e centenas de pesquisas ligadas à saúde.
Nesta terça-feira (15), Donald Trump ameaçou acabar com a isenção fiscal da universidade, que não paga impostos por ser uma instituição de ensino e pesquisa.
O ex-presidente democrata Barack Obama, ex-aluno de Harvard, declarou que a universidade deu o exemplo para outras instituições de ensino ao rejeitar uma tentativa ilegal de reprimir a liberdade acadêmica.
Em março, o governo Trump congelou US$ 400 milhões que iriam para a Universidade de Columbia, em Nova York, que foi palco de manifestações pró-Palestina. A universidade concordou, então, em endurecer a segurança do campus e mudar a chefia do Departamento de Oriente Médio. Mas a Columbia ainda não conseguiu a verba de volta. Continua negociando com o governo, que agora exige ainda mais mudanças.
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